
O pai morreu, mas a vida de Aladim continuou a mesma. Passava o tempo todo nas ruas brincando com os amigos. Foi assim a:r o dia em que um homem estranho se dirigiu a ele, dizendo:
— Você é Aladim, o filho do alfaiate?
— Sim, sou eu, mas meu pai morreu — espantou-se o garoto. E ~ í;= surpreendido ficou quando o estranho começou a lamentar-se:
— Pobre do meu irmãoI Eu que vim da África para revê-.: meu sobrinho querido, abrace o irmão do seu pobre pai.
O desconhecido continuou contando a Aladim que se ocuparia dele e lhe daria muitas riquezas. O rapaz estava quase para responder preferia continuar brincando com os amigos, quando o desconhecido disse que iria falar com a mãe de Aladim no dia seguinte.
De fato, o desconhecido apareceu na casa da mãe de Aladim, deu-lhe algumas moedas de ouro e explicou quem era. acrescentando:
— Sou muito rico e não tenho filhos," quero educar Aladim para ser me herdeiro. Preciso apenas de seu consentimento para levá-lo comigo.
— Que estranho! Meu marido nunca falou em nenhum irmão…
— Isso deve ser porque sempre vivemos um longe do outro — disse o homem. — Gostaria de voltar para minha terra levando meu sobrinho comigo.
Aladim não estava com vontade de viajar com o tio, pois preferia brincar na rua com os amigos. A mae, porém, considerava o oferecimento do cunhado como uma grande oportunidade, por isso aconselhou o filho a ir e melhorar de fortuna. Aladim partiu com o tio.
Viajaram sem parar até chegarem a uma grande floresta junto a uma montanha. Aladim sentia-se muito cansado, mas, quando quis repousar, o tio ordenou-lhe:
— Vá apanhar lenha para acender o fogo e eu mostrarei a você coisas maravilhosas.
— Que coisas? — indagou o rapaz, que não estava com muita vontade de ir buscar a lenha.
— Chega de perguntas! Vá depressa buscar a lenha. Fique sabendo que não sou seu tio, sou um poderoso mago africano. Se você não obedecer, transformo-o num pedaço de madeira para fazer fogo.
Ao ouvir aquelas palavras, Aladim, que já estava desconfiado de que o homem não era mesmo seu tio, assustou-se e saiu a correr em busca da lenha. Voltou em seguida e acendeu um grande fogo.
E puxa pra cima, se feche ou se abra e abracadabra somente co’ a rima: o pesado é leve com esta magia, a pedra se eleve de noite ou de dia.
Assim que as chamas subiram, o mago aproximou-se o mais possível do fogo e pronunciou em voz alta palavras misteriosas:
O pó de três dentes de cinco serpentes; do coelho a pata e um rabo de rata com incenso queimamos enquanto cantamos a canção da magia, de noite ou de dia:
Conforme o mago falou, no lugar do fogo apareceu uma grande pedra com uma argola de ferro. Mesmo assustado, Aladim não pôde deixar de perguntar:
— Como fez isso, mago?
— Segredo profissional, meu filho. Esta pedra esconde a entrada de um subterrâneo cheio de riquezas. Se você descer lá, pode apanharo que quiser. Para mim, traga uma velha lâmpada que encontrará no chão.
O rapaz puxou a pedra pela argola e ela se moveu facilmente. Embaixo havia um buraco e uma escada.
Mas Aladim se mostrava muito assustado e sem vontade de descer. O mago lhe deu um anel mágico, dizendo que era para protegê-lo se tivesse necessidade, e acrescentou:
— Não tenha medo, Aladim; li nos livros
mágicos que você é o único ser humano
que pode descer nessa caverna.
Aladim começou a descer pela escadaria, que parecia interminável. Conforme andava, sentia frio. Do fundo da gruta vinha uma estranha luz pela qual Aladim se guiava. Continuou a descer. A primeira coisa que encontrou, no fundo, foi a lâmpada que o mago lhe pedira. Admirado exclamou:
— Que lâmpada velha e suja! Para que ele faz questão de uma coisa dessas?
Aladim nunca tinha visto pedras preciosas, por isso não podia reconhecê-las. Mas sabia que elas costumavam ser acomodadas em estojos pelos joalheiros. Por isto procurava as caixinhas de veludo onde elas deveriam estar. Como não encontrou nada assim, achou que o mago o tinha enganado. Resolveu, porém, colher alguns frutos que pendiam das árvores e que lhe pareceram de vidro colorido. Eram rubis, safiras e brilhantes, pois ele estava no jardim encantado, sem o saber. Com os bolsos cheios de jóias, tomou o caminho de volta, para indagar ao mago onde estavam escondidos os tesouros que lhe prometera em troca dá lâmpada.
A escada era tão longa que, quando chegou lá em cima, Aladim apenas pensava em ir embora e pediu ao mago:
— Ajude-me a sair deste buraco !
— Dê-me a minha lâmpada, depois eu o ajudo.
_ Ajude-me primeiro, depois eu lhe dou a lâmpada.
Mas o mago continuou insistindo:
_ Primeiro me dê a lâmpada.
— Não!
— Sim!
— Não!
— Pela última vez eu o aviso: me dê essa lâmpada!
— Tire-me daqui primeiro!
O mago, furioso, recolocou a pedra na entrada, dizendo:
— Pois fique aí para sempre.
O pobre Aladim desesperou-se, achando que nunca mais iria poder sair dali. Chorava muito triste, esfregando os olhos com as mãos
De repente surgiu diante dele um ser estranho, que disse:
— Ordene, meu senhor ! Aladim, estonteado com aquilo, indagou:
— Quem é você?
— Sou o escravo do anel. Você esfregou o anel quando limpou os olhos e esse é o sinal para que eu me ponha às ordens do dono do anel encantado. Ordene, meu senhor!
— Quero voltar para casa — pediu Aladim.
— Assim será feito, meu senhor.
Ditas estas palavras, como em sonho, Aladim encontrou-se em sua casa.
Aladim contou tudo à mãe e mostrou-lhe as estranhas pedras que colhera das árvores do jardim encantado, explicando:
— Não havia tesouro nenhum, só estas pedrinhas e esta lâmpada velha.
— Vou limpar a lâmpada para vendê-la — disse a mãe. — Assim compraremos alguma coisa para comer.
Pensando nas dificuldades por que passara com o mago, e no medo de ficar preso para sempre na caverna, Aladim comentou:
— Pena papai não estar mais conosco, para ver como vou me
modificar e me tornar um filho modelo.
A mãe o abraçou e o beijou, dizendo:
— Você é um bom menino. Quando eu tiver terminado
de polir a lâmpada, você vai vendê-la no mercado.
Mal a mãe tocou na lâmpada, surgiu diante deles um ser enorme, duas vezes maior do que o escravo do anel, e disse
— Sou o gênio da lâmpada, nada me é impossível, ordene Aladim saltou de alegria. Batendo palmas, exclamou:
— Que maravilhai Gênio, arranje o almoço para nós.
— Isso você podia ter pedido ao gênio do anel! Mas afinal, já que estou aqui, vou servir-lhe as comidas mais raras.
Ao ver surgir o banquete, Aladim cantou:
Tudo o que desejar o gênio me dará, é só eu ordenar e a lâmpada brilhará.
Nem sei o que pedir, se um castelo no ar, a roupa de um grão-vizir, é só eu ordenar!
Passaram-se os anos. Aladim tornou-se homem e o gênio continuou obedecendo-o. Nesse tempo em toda a China se falava da beleza de Budur, a filha do imperador. De fato ninguém a vira, pois, quando ela passava pelas ruas, vinham à frente guardas, que ordenavam:
— Fechem todas as portas e janelas, que a Princesa Budur vai passar
Mas um dia Aladim resolveu espiar e descobrir se a princesa era assim tão linda como diziam. Ficou apaixonado e disse à mãe:
— Ponha as pedras preciosas do jardim encantado em uma cesta, leve-as ao imperador e peça-lhe a filha em casamento para mim.
— Mas, meu filho, o imperador não vai aceitar — ponderou a mãe.
— Aceita, sim! Mas espere, falta um guardanapo de linho para cobrir a cesta… Gênio da lâmpada, preciso de você.
— Ordene, meu senhor! Quer que eu derrube uma montanha? Construa uma cidade? Destrua a China? Que esvazie o mar?
— Quero apenas um guardanapo de linho para cobrir esta esta — disse Aladim.
— E você chama o gênio da lâmpada para isso? Peça-me todas as riquezas da terra…
— Apenas um guardanapo e…
…e que seja pequeno, não é? Tome-o e cubra a cesta — disse
o gênio, mal-humorado.
A mãe de Aladim tentou convencê-lo a desistir da idéia de casar com a princesa. Mas ele continuou insistindo. A mãe cedeu e foi para o palácio com a cestinha debaixo do braço. Lá ficou esperando horas e horas. Por fim um ministro, pensando que se tratava de uma pobre mulher que precisava de algum auxílio do imperador, mandou-a entrar. Ela o seguiu muito humilde, sempre carregando a cesta coberta com o guardanapo de linho, e disposta a enfrentar as conseqüências do pedido absurdo que o filho a obrigava a fazer.
Curvou-se diante do imperador e disse
— Majestade, meu filho Aladim
manda-lhe este presente..
— De que se trata? Camarões frite ninhos de andorinha? — indagou o imperador, erguendo o guardanapo.
Mas, ao ver o que a cesta continha ficou deslumbrado e ofereceu:
— Em retribuição a este presen:r darei a Aladim o que ele me pedir.
— Ele pede sua filha em casam ente
— Está concedido — disse o im^
No dia do casamento houve festa em toda a China. Antes da cerimônia, Aladim esfregou a lâmpada e o gênio apareceu:
— Que você quer desta vez? Uma pitada de sal? Um fio de linha?
— Quero que você me construa um palácio em frente ao do imperador.
— Nao digal Um palácio completo?
— E que seja todo de ouro maciço 1
— Afinal você me pede um trabalhe importante] — respondeu o gênio.
Cada manha, quando o imperador olhava para o palácio de Aladim em frente ao seu, pensava no rico casamento que a filha fizera e senlia-se muito contente. A bela Budur e Aladim viviam felizes no palácio de ouro. Em toda a China falava-se de Aladim como um jovem sábio e generoso. Ele, por sua vez, sentia-se
seguro tendo às suas ordens o gênio da lâmpada e o gênio do anel.
A felicidade dos dois jovens era completa, mas durou pouco. Aladim precisou viajar devido a uma guerra. Budur ficou só, no palácio. Um dia a princesa foi atraída até a janela por um estranho pregão que vinha da rua:
— Quem quer trocar lâmpada velha por lâmpada nova? Dou uma lâmpa
nova de presente em troca de sua lâmpada velhal
Quem gritava assim era o mago, inimigo de Aladim, que se aproveitava da ausência do jovem para tentar recuperar a lâmpada mágica. Com nu cesta cheia de lâmpadas novas embaixo do braço, pusera-se a gritar diante das janelas do palácio de Aladim.
Budur comentou com uma de suas servas a estranha maneira de aquel< homem fazer negócios, e a moça aconselhou:
— Por que a senhora não troca a lâmpada velha que está
no quarto de seu marido por uma nova? — Você tem razão, vá buscar depressa aquela lâmpada para trocar.
Budur chamou o mago que ela pensava que fosse um mercador, ofereceu a lâmpada velha, imaginando que ele ia recusar. O mago reconheceu logo a lâmpada mágica, deu outra em troca e afastou- se Muito feliz, tratou logo de esfregar a lâmpada e o gênio apareceu:
— Pronto, Aladiml Mas você não é Aladiml O mago riu maldoso e respondeu:
— Claro que não sou Aladiml Sou seu novo senhor, o mago africano. O gênio percebeu logo que se tratava de um mau amo e disse:
— Mas eu não sei se posso…
— Deixe de conversa e obedeça.
— Sim, meu -senhor!
— Carregue para a África o palácio de Aladim com todos os seus habitantes. Rápido, vamos!
— Será cumprida sua ordem, meu senhor. A esplêndida morada de Aladim será levada para a África neste mesmo momento.
Quando o pobre Aladim voltou da guerra, nao encontrou mais seu palácio, nem sua esposa. Tudo tinha sido levado para a África. Por sua vez, o imperador estava furioso:
— Se minha filha não estiver de volta dentro de quarenta dias, mandarei cortar sua cabeça!
Aladim, tristíssimo, retirou-se para um lugar isolado e esfregou o anel. Imediatamente apareceu o escravo, a quem Aladim ordenou:
Traga de de volta minha esposa e meu palácio! — Não tenho poderes sobre os encantamentos do gênio da lâmpada — explicou o gênio do anel ao desconsolado Aladim. — Posso apenas, se meu senhor quiser, conduzi-lo até o seu palácio na África.
Em seguida Aladim se encontrou na janela do seu palácio e chamou que se alegrou muito em vê-lo. Aladim, sem perder tempo, explicou:
— Vim libertá-la! Isto é um narcótico violento, derrame-o no vinho do mago para que ele durma. O resto fica por minha conta.
— Farei o que você diz, mas fuja daqui. O mago ameaça mandar cortar sua cabeça.
Naquela noite o mago bebeu o narcótico e e dormiu profundamente. Aladim, que ficara escondido, apoderou-se da lâmpada e a esfregou. O gênio apareceu, dizendo:
_ Ordene, mago! Mas veja só! É o meu senhor Aladim!
— Eu mesmo! Depressa, carregue o mais rápida possível para a ilha mais deserta que você encontrar!
E a nós e ao castelo, leve para a Chir!
O imperador e a mãe de Aladim nem podiam acreditar quando viram os filhos de volta, tal a felicidade que sentiram. Daí em diante Aladim e Budur foram outra vez muito felizes e o mago nunca mais saiu da ilha deserta.
Depois de ganhar e perder Aladim já não abusa da lâmpada e seu poder. Sabe que o que se usa com controle e medida não causa preocupação e dura pra toda a vida